Com debate sobre o antirracismo, live do TSE homenageia o Dia da Consciência Negra

Participantes do bate-papo apontaram desafios no combate ao racismo no país

Consciência Negra

Na abertura da live “Consciência Antirracista para a Democracia”, promovida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para celebrar os 50 anos do Dia da Consciência Negra, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, enfatizou que a sociedade brasileira vive um momento de compreensão sobre o racismo.

“Agora, finalmente, chegou-se à constatação da existência de um racismo estrutural na sociedade brasileira e a um compromisso de as pessoas que tenham a percepção desse fenômeno conscientizarem todas as demais. Não basta apenas não ser em si racista; é preciso participar de um processo de desconstrução de uma visão estruturalmente racista da sociedade brasileira”, disse.

O encontro, transmitido pelo canal da Corte Eleitoral  no YouTube, reuniu personalidades negras que atuam em diversas áreas, como o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do TSE Benedito Gonçalves, a jornalista Aline Midlej, a filósofa Djamila Ribeiro, o professor e advogado Adilson Moreira e o deputado Orlando Silva (PCdoB).

Durante o bate-papo, foram debatidos temas como combate ao racismo e espaço dos negros na sociedade atual e na política; a importância de referências negras; e qual o futuro para a construção de uma sociedade brasileira antirracista.

Segundo o ministro Benedito Gonçalves, nascido no subúrbio do Rio de Janeiro (RJ), apesar de ter sido criado em um ambiente sem discriminação, com oportunidades na escola pública, existem desigualdades, mesmo com uma legislação igual para todos, sem distinção da cor da pele. Mas, de acordo com ele, há uma luz no fim do túnel para um futuro antirracista. “Surgiu a esperança, com todo o movimento que está acontecendo, como este aqui, onde estudiosos estão debatendo com a cara limpa”, afirmou.

Aline Midlej contou que foi por meio da auto-observação que se descobriu como uma mulher negra e que a maior dificuldade após essa identificação foi a falta de referências negras, inclusive na TV, onde atua profissionalmente. No entendimento da jornalista, para se alcançar uma consciência antirracista, é preciso fazer uma revolução do micro para o macro, começar no dia a dia de cada um. “Acho que estamos caminhando para frente, mas vai demorar um pouco. Todo mundo ganha com o combate ao racismo e todo mundo perde com o racismo”, ressaltou.

Djamila Ribeiro, filha de pai ativista e destacada pelo ministro Barroso como uma referência, concordou que há progressos, mas reforçou que é preciso avançar muito mais. “Eu vejo que, para esse futuro ser melhor, fundamentalmente a gente precisa pensar nas nossas escolhas políticas. A gente precisa pensar que um futuro antirracista é pensar um projeto político de sociedade. Não há futuro possível que não seja esse antirracista e com um viés interseccional”, afirmou.

Filho de pais semianalfabetos, mas integralmente comprometidos com a educação, Adilson Moreira disse que teve a infância e a adolescência profundamente solitárias, por ser um negro periférico e também em razão de outros tipos de discriminação. Segundo ele, é importante reconhecer que o racismo, o sexismo, o classismo, a homofobia atingem todas as pessoas, e isso deve ser superado para se construir uma verdadeira democracia. “Precisamos pensar numa política do cuidado, do afeto. Isso implica uma luta contra todos os estereótipos”, ressaltou.

Já o deputado Orlando Silva destacou que a escola pública é a chave para combater a desigualdade. Ele também reforçou que é preciso ter uma agenda pública constante sobre o combate ao racismo e em prol de uma consciência antirracista. “É preciso que o Estado brasileiro tenha uma agenda de enfrentamento ao racismo para superar os desafios presentes”, completou.

 

Entenda a data

Celebrado no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra foi oficialmente instituído a partir da Lei nº 12.519/2011. Além de homenagear o líder negro Zumbi dos Palmares, é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, bem como à realização de manifestações sociais que levantam questões sobre racismo, discriminação, igualdade social e a cultura afro-brasileira.

 

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral

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