O desembargador Itaney Francisco Campos, presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), outorgou, na tarde desta terça-feira (12), a Comenda “Colar do Mérito Eleitoral Desembargador Jorge de Morais Jardim” ao juiz federal Juliano Taveira Bernardes. A condecoração é o mais alto emblema da Corte Regional, dado em decorrência dos relevantes serviços prestados à Justiça Eleitoral em Goiás.

Juliano Taveira Bernardes foi empossado em 13 de setembro de 2019 como juiz-membro titular do Gabinete de Juiz Federal do TRE-GO para o biênio de 2021 a 2023. Atuou como juiz-membro substituto no biênio de 2017 a 2019, tendo sido designado para atuar como juiz auxiliar da Corte Eleitoral no período de outubro de 2017 a dezembro de 2018.

Durante a 67ª Sessão Ordinária do Tribunal Pleno, realizada no auditório desembargador Geraldo Salvador de Moura e por videoconferência, participaram a vice-presidente e corregedora, desembargadora Amélia Martins de Araújo, procurador regional eleitoral, Célio Vieira da Silva, os juízes-membros Márcio Antônio de Sousa Moraes Júnior, Juliano Taveira Bernardes, Adenir Teixeira Peres Júnior, Ana Cláudia Veloso Magalhães e Alessandra Gontijo do Amaral.

O presidente Itaney Campos realizou a entrega da medalha, expressando seu reconhecimento ao magistrado. “Para nosso pesar, esta é a última sessão da qual o juiz Juliano participa. E, ao final dessa sessão, apresentaremos a ele nossos protestos de gratidão, nosso sentimento de afeto e de reconhecimento pela sua atuação tão importante, tão criteriosa neste Tribunal. E, efetivamente, eu externo pessoalmente o meu sentimento de que o Tribunal perde um grande colaborador, um grande magistrado. Mas haverá novas oportunidades. De forma importante, não só para a nossa região, mas importante para a magistratura brasileira, para o Judiciário brasileiro”, asseverou.

O procurador regional eleitoral Célio Vieira da Silva, os componentes do Tribunal Pleno presentes, incluindo o juiz substituto Laudo Natel, assim como a advogada Marina Almeida Morais, representando a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Goiás, discursaram em homenagem ao juiz federal, elogiando efusivamente e agradecendo sua primorosa atuação, além de desejar-lhe muito sucesso e novas conquistas.

Em poético e comovente discurso (leia a íntegra abaixo), em que evocou a mitologia grega, Juliano Bernardes agradeceu aos pares com os quais compartilhou o Tribunal Pleno, à sua família e aos servidores da Casa.“Foi uma honra e um privilégio fazer parte dessa instituição, quisera pela democracia e pela lisura das eleições do nosso Estado.(...)Tive a oportunidade de vivenciar momentos históricos, a exemplo das eleições gerais de 2022 e seus inusitados desafios. Neste Tribunal, soubemos enfrentar os desafios com afinco e dedicação. Tudo transcorreu bem e os resultados das eleições transpareceram com tranquilidade. Também pude contribuir para a formação da jurisprudência dessa corte, o que muito me honra”, declarou.

Discurso de despedida

"Caros colegas, servidores, advogados e cidadãos,

É com emoção que me despeço hoje da função de juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás, após dois anos ininterruptos de dedicação e muito aprendizado.

Foi uma honra e um privilégio fazer parte desta instituição, que zela pela democracia e pela lisura das eleições no nosso Estado.

Nesta data especial, permitam-me um devaneio literário.

Sabemos que todo tribunal evoca a mítica de Têmis, deusa grega que personifica a justiça e as leis eternas.

Mas aqui quero lembrar de outras deusas: as três Moiras.

Na versão de HESÍODO, as Moiras faziam parte do grupo dos deuses primordiais.

Elas teriam educado a própria deusa da justiça, a quem ensinaram tudo sobre a ordem cósmica e natural das coisas, além da importância de zelar pelo equilíbrio.

Curiosamente, na versão de HOMERO, as Moiras aparecem como as três filhas de Têmis.

Elas são Cloto, Laquésis e Átropos, as deusas do destino tanto dos homens quanto dos deuses, e suas decisões não podem ser transgredidas por nenhum deles.

Essas irmãs foram imortalizadas no arquétipo da Humanidade sob a imagem de tecelãs responsáveis por tecer, esticar, enrolar e cortar o fio do novelo que rege a vida de todos os indivíduos.

Clotho é a Moira que tece o fio da vida.

Ela é quem segura o fuso de fiadeira a partir do qual se vai puxando o fio ao longo da vida.

Eu já havia ingressado na magistratura 20 anos antes, mas foi só em 2017 que se iniciou minha trajetória neste Tribunal, quando assumi a honrosa função de membro substituto e, nas eleições gerais seguintes, atuei como Juiz Auxiliar.

Pela indicação e a confiança que me foi depositada desde esse início, agradeço ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

E como não poderia deixar de ser, agradeço minha família, aqui presente, que dá o colorido necessário ao fio de minha vida.

A segunda irmã é Laquésis, que distribui às pessoas os respectivos destinos, conforme as provas e as dores que caberão a cada um.

Ela é quem enrola o fio da vida, após tecido pela outra irmã, e é ela quem faz o sorteio dos que devem perecer.

Neste Tribunal, Laquésis foi generosa comigo.

Atribuiu-me muitos compromissos, entre os quais o de atuar como Presidente da Comissão de Segurança durante as eleições de 2022.

Porém, as provas e as dores que Laquésis me reservou foram infinitamente menores que a honra de integrar este Tribunal.

Mas minha sorte e a duração de minha estada nesta Corte já estavam predeterminadas.

Agora, já se manifesta a irmã Átropos, a Moira detentora do poder de romper o fio da vida com sua tesoura mística.

E ela é inflexível: apenas executa o veredicto da irmã. Não há recursos ou apelos a outras instâncias.

A partir de hoje, portanto, deixo a galeria dos Juízes membros do TRE, cumprindo, assim, o inevitável destino que me fora reservado na Justiça Eleitoral.

Porém, saio com a sensação do dever cumprido.

Já me sinto preparado para ingressar no barco de Caronte, a quem cabe transportar as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Aqueronte, que dividem o mundo dos vivos e dos mortos.

Mas enquanto o barco de Caronte não rompe o horizonte, certos lampejos de saudades me tomam a consciência.

Tive a oportunidade de vivenciar momentos históricos, a exemplo das

eleições gerais de 2022 e seus inusitados desafios.

E, neste Tribunal, soubemos enfrentar os desafios com afinco e dedicação.

Tudo transcorreu bem, e os resultados das eleições transpareceram com tranquilidade.

 Também pude contribuir para a formação da jurisprudência desta Corte, o que muito me honra.

Lembro-me de muitos votos importantes, todos ilustrativos de minhas convicções e sincero sentimento de justiça, ainda que nem sempre vencedores.

Contudo, quando estiver do lado de lá das margens do rio Aqueronte, o que mais me fará falta, sem dúvida, será o contato cotidiano com as pessoas que trabalham neste e por este tribunal.

Mas já não há tempo para outros lampejos.

Com olhos nevoados, já avisto Caronte e seu barco.

E ele já me acena impaciente.

Tenho de ir logo. Do contrário, rezam as lendas gregas, terei de vagar pelas margens do rio Aqueronte por longos cem anos.

Mas se tenho de ir, não parto, porém, sem antes agradecer a todos que me acompanharam nesta jornada até aqui.

Quero agradecer, em especial, todos os colegas desta Corte, nesta e nas últimas composições com as quais atuei.

Sintam-se todos abraçados.

Do “A”, da desembargadora Amélia, do juiz Adenir e das juízas Ana Cláudia e Alessandra, ao “W”, do desembargador Wilton Salomão.

Mas não sem antes passar pelo “I”, do desembargador Itaney; pelo “L”, do desembargador Luiz Cláudio e do juiz Laudo; pelo “M”, do juiz Márcio; e pelo “V”, do amigo Vicente, hoje desembargador.

Agradeço, ainda, aos membros do Ministério Público Eleitoral, Dr. Célio e Dr. Daniel, pelo convívio harmonioso; bem como a todos os advogados eleitorais, aqui representados pela Dra. Marina e pelo Dr. Wandir, presidentes da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/GO.

Forte e especial abraço a Maria Selma Teixeira e ao Welton, a Leonardo Sapiência e a Wilson Gamboge Júnior, em nome de quem agradeço a todos os servidores e colaboradores que trabalham incansavelmente pelo sucesso deste Tribunal.

Agradecimentos à parte, ainda, para o pessoal do gabinete com quem trabalhei diretamente: Laríssia, Maria Cristina, Anderson e Cristina.

A todos, meus fraternais cumprimentos de despedida.

Desejo sucesso aos que ficam e aos que chegam, especialmente ao Dr. Carlos Augusto Torres Nobre, Juiz Federal a quem passo o honroso bastão e a alta responsabilidade da missão de representar a Justiça Federal nesta Corte.

Sempre continuarei atento e engajado nas questões eleitorais, mas agora já no lado de lá do rio Aqueronte.

Muito obrigado."

Juliano Taveira Bernardes

Assista à íntegra da solenidade no canal do TRE-GO no YouTube.

Perfil

Juliano Taveira Bernardes é natural de Goiânia-GO. Atualmente, é juiz da 4ª Vara de Goiânia no Tribunal Regional Federal da 1ª Região - Seção Judiciária de Goiás. Juiz Federal desde 1998, é também Mestre em “Direito e Estado” pela Universidade de Brasília – UNB e pós-graduado “lato sensu em Direito Processual Civil pela Universidade Federal de Goiás. Professor convidado dos cursos de pós-graduação em Direito Constitucional e Processo Constitucional e do curso preparatório para a Magistratura da Escola Superior da Magistratura do Estado de Goiás (Esmeg). Foi professor efetivo da Faculdade de Direito da UFG (2005/2012), onde ministrou aulas de Direito Constitucional e Processo Constitucional na graduação e pós-graduação. Foi promotor de Justiça (1996/1997) e juiz de Direito no Estado de Goiás (1997/1998). É autor de livros jurídicos publicados pelas editoras JusPodivm, Saraiva e Sergio Antônio Fabris Editor. Atuou como juiz-membro substituto do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás no biênio de 18/9/2017 a 17/9/2019, tendo sido designado para atuar como juiz auxiliar da Corte Eleitoral no período de outubro de 2017 a dezembro de 2018. Em 13 de setembro de 2019, foi empossado como juiz-membro titular do Gabinete de Juiz Federal do TRE-GO para o biênio de 2021 a 2023.

Assessoria de Imprensa e Comunicação Social